sábado, 4 de julho de 2009

não, não...

não me beijes os lábios, não passam de histórias para adormecer.
não me enterres em 1001 lençóis, são instintos a que não quero ceder.
não grites "para sempre", promessas nunca para cumprir.
não fales da cor dos cabelos e dos nomes dos nossos filhos, jamais verão a luz do mundo.

aquece-me a testa com o roçar da tua boca em gesto de compreensão e deseja-me boa missão.

até sempre,
(mas afinal de que servem despedidas se all the damn world is just a strange illusion?)

[o personagem desaparece de cena envolto em fumo, apenas uma forma de tornar misteriosa a queda de um anjo]

[ajoelha perante a Luz]

- aqui me tens conhecimento superior. não mais serei eu para ser parte de ti. renunciei.

[apaga-se a Luz]

"afinal que fazia eu num mundo onde imperam deuses que não os da minha fé?"
(renunciei. mas não em vão!)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

message in a bottle...

"Walked out this morning, don't believe what I saw
Hundred billion bottles washed up on the shore
Seems I'm not alone at being alone
Hundred billion castaways, looking for a home"
Police

domingo, 14 de junho de 2009

carandiru

"a vida é um carrocel e pra mim um cavalinho não chega..."
in Carandiru

sexta-feira, 22 de maio de 2009

alfa e ómega

Foi um salto quântico, o que é que me deu? Brincar com o fogo e engolir espadas já não devia fazer parte do meu imaginário senil. As razões foram um cenário que evocou um déjà vu e uma recordação que recolocou as personagens, tu e eu, naqueles papeis (a esta hora com cheiro a mofo e amarelecidos).

Divergências no destino que provam a inutilidade de escolhas que pensei axiomáticas e indispensáveis. No fim, tornaram-se em meros passa-tempos, quebra-cabeças, actividades a que o cérebro se entrega porque não tem unhas para roer. O seu efeito num oceano imenso de alternativas aleatórias torna o seu valor residual.

Tudo isto não são mais que esperas prolongadas por um destino que me olhe nos olhos. Nem de cima para baixo nem de baixo para cima. Ao nível. Cruzar-me-ei com ele na rua, entre um cisma e o outro. Mas não haverá nem alfa nem ómega. Será simples, como os passos que dou até ele.

(...)

terça-feira, 7 de abril de 2009

umas águas...



A quem ainda não viu e tiver oportunidade de ver este senhor ao vivo recomendo!

domingo, 5 de abril de 2009

um somos poucos para fazer uma tribo

Tenho a garganta arranhada do fumo quente. A vista turvada pela sangria que arde. Sei que mais ninguém se importa. De hoje em diante acordarei todas as manhãs numa cama diferente e serão 365 ao todo. Farei o garrote bem apertado e deixarei que a colher fique branca por cima e negra por baixo, queimada ao calor da vela. Nada levarei comigo que me canse os ombros. Conhecerei o pôr-do-sol e a madrugada de mil cidades.

A minha mais recente conquista foi uma teoria: a inconstância destes tempos faz com que se morra muitas vezes. Morremos porque mudamos. Simples. Morrer é deixarmo-nos de nos ver. De nos ligar. Porque sim e não porque o pedíssemos. Advinha? Porque morremos. Já nem sequer me lembro de como foi o cortejo fúnebre nem se havia convidados. Morri e espero calmamente. Incubo a frio uma nova visão sobre o mundo, um novo ponto de vista, um ideal diferente do que morreu. Porque o mataram? Porque o cegaram.

Guardo todo este carinho (nunca pensaste que o pensamento chegasse a esta estrada deserta, confessa) e toda esta vontade de partilhar para quem (não existe) me diga que não quer nada em troca. Que me quer apenas saber vivo para que seu coração bata. E aí darei, esbanjarei tudo o que me restar e saberei onde dorme o sol nas noite frias de luar.

Até lá, juro e jurarei beber da minha liberdade e viverei 100 anos para me ver cair. Renunciarei à roda livre dos sentimentos (em que se mudam cheiros e braços mas não as falsas palavras). Tornarei a rotina dos dias redundante. Procurarei o brilho no olhar, não o objectivo a alcançar. Estranho ser este, que perguiça por abrir as asas em aerodinâmica louca e prefere o ninho de pauzinhos, certo, amante, acorrentado.

Serão 365 as noites. 365 os dias. Tenho fé (não em deus, for god's sake) que a força que me percorre as veias não mais se apagará. Não haverá rescaldo. Só mortes intermédias, inevitáveis como teoricamente previ...

segunda-feira, 30 de março de 2009

confiança

O que é bonito neste mundo, e anima, 
É ver que na vindima 
De cada sonho 
Fica a cepa a sonhar outra aventura... 
E que a doçura 
Que se não prova 
Se transfigura 
Numa doçura 
Muito mais pura 
E muito mais nova... 

Miguel Torga

súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas, 
E que nele posso navegar sem rumo, 
Não respondas 
Às urgentes perguntas 
Que te fiz. 
Deixa-me ser feliz 
Assim, 
Já tão longe de ti como de mim. 

Perde-se a vida a desejá-la tanto. 
Só soubémos sofrer, enquanto 
O nosso amor 
Durou. 
Mas o tempo passou, 
Há calmaria... 
Não perturbes a paz que me foi dada. 
Ouvir de novo a tua voz seria 
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

quarta-feira, 25 de março de 2009

cat stevens - wild world


Now that I've lost everything to you,
you say you want to start
something new,
and it's breaking my heart you're leaving,
baby I'm
grieving.

But
if you wanna leave take good care,
hope you have a lot of nice things to wear,
but then a lot of nice things turn bad out there.

Oh baby baby it's a wild world,
it's hard to get by just upon a smile.
Oh baby baby it's a
wild world.

I'll always remember you like a child, girl.
You know I've seen a lot of what the world can do,
and it's breaking my heart in two,
cause I never want to see you
sad girl,
don't be a bad girl,
but
if you want to leave take good care,
hope you make a lot of nice friends out there,
but just remember there's a lot of bad and beware,
beware,

Oh baby baby it's a wild world,
it's hard to get by just upon a smile
Oh baby baby it's a wild world,
and I'll always remember you like a child, girl.

Baby I love you, but if you wanna leave take good care,
hope you make a lot of nice friends out there,
but just remember
there's a lot of bad,
and beware, beware,

oh baby baby it's a wild world,
it's hard to get by just upon a smile.
Oh baby baby it's a wild world,
and I'll always remember you like a child, girl. 

domingo, 15 de março de 2009

sensational

"I never travel without my diary. One should always have something sensational to read in the train"

Oscal Wilde

terça-feira, 10 de março de 2009

lit up a candle, show me the way

"deus pai todo poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna"..."senhor eu não sou digno que entreis em minha morada mas dizei uma só palavra e serei salvo"..."deus do deus, luz da luz, deus verdadeiro, deus verdadeiro, gerado não criado"..."por ele todas as coisas foram feitas e por nós homens e para nossa salvação desceu dos céus e no seio da virgem maria encarnou e se fez homem"..."saudai-vos na paz de cristo"..."perdoai-nos as nossas ofenças assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação"..."de igual modo no fim da ceia tomou o cálice e deu graças dizendo tomai todos e bebei este é o meu sangue que será derramado por vós"..."ide em paz e que o senhor vos acompanhe" - Graças a DEUS

A urna (politicamente incorrecto chamá-la de caixão) lá ao fundo. Mantenho-me firme. Nem lágrimas nem ladainhas. A contradição da crença humanizada deixa-me apático (escusado será referir a apoteóse do cestinho da esmola em plena celebração, cúmulo da satisfação "espiritual").

Creio em mim. Em sentir o cérebro queimado por ser um ignorante que gosta de aprender. Em sentir os músculos clamar pelo fim e não lhes ceder. Em sentir o sorriso que brota de dentro ao olhar a linha que não existe, lá no fundo. Em procurar o meu rumo. Em sentir cada batalha perdida e mesmo assim não desistir. Em lançar-me em becos sem saída só para aprender como escavar paredes. Em realizar que a luta diária não mudará o mundo mas tornar-me-á mais eu. Creio eu um só eu.

Mas, sei-o, todos os credos têm as suas contradições. Comecemos então. Quantas vezes me apeteceu gritar "lit up a candle, show me the way"? Lançar um pedido de socorro? Pedir que me levem em braços quando embato violentamente no fundo do poço? Um lamento não ouvido, um carinho não recebido. Uma luz ao fundo do túnel que nunca se acendeu. Tropecei, caí... É como falar no fundo do mar, inútil. Poderia procurar por essas ruas o meu eco. Nada encontrar ou o meu destino achar.

O eco não retorna, a alma está despida. Exposta. Todos fixam o olhar no passeio e evitam olhar de frente. Serei a luz? Não, bem mais modesto. Nestes momentos, sou um pseudo-eu à procura de algo fugaz. Inalcançável. 

domingo, 1 de março de 2009

sublevação

Sempre, antes de me deitar, alinho a margem inferior da folha vazia com o limite da secretária. Perfeitamente paralela à margem lateral esquerda, a uma distância uniforme de três dedos, deixo que descanse a caneta. Até aqui a melodia é serena e com maior ou menor esforço consigo que o sono e o sonho se fundam numa só pedra filosofal.

Mas, invariavelmente, quando os primeiros fios dourados ameaçam trazer a claridade os sinos repicam-se e os violinos esfregam-se a um ritmo desenfreado, melodramático. Todas as manhãs encontro a folha amarrotada em forma de Terra e a caneta, sangrada, espetada de um lado a outra como eixo de rotação desta bola de papel. Ao observar este cenário recordo-me, também invariavelmente, de que tinha algo sobre que escrever. Passado, recordações, sentimentos, euforias, calores, frios, ansiedades, planos,... Era um livro de histórias, um romance em Verona, umas memórias, um ensaio filosófico, uma teoria política, uma patente, um teorema,... Esfumou-se. Perfeito: dado o trabalho racional do dia anterior como perdido começa a ficar tarde e tenho de começar a teorizar para que amanhã, sim esse vai ser o dia, consiga ao menos inspirar o título.

E isto sempre, em eterno retorno. Começo a pensar se não estarão as ursas, a maior e a menor, com a ajuda da polar de alguma forma a conspirar, preparando-me, todas as madrugadas, o cenário que torna vãs as minhas ligeiras progressões.

Poderia, uma vez, experimentar escrever pela noite e espantar de vez o vilão mostrando que até sou capaz. De escrever o pensado, pensar o escrito e assim triunfar entre duas realidades que, para sentirem que estão em casa, chamam sempre a sua irmã, Solidão.

Talvez um dia, quem sabe.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

k2o3 - já não me interessa

vidinha

Existem dias (não hoje!) em que acordo com vontade de...
  • Um empregozinho normal: das 9 às 6 com uma hora para almoço. Saio e não penso mais nisso.
  • Uma conversazinha banal: no café e sobre futebol com os amigos e uma cervejola.
  • Uma esposazinha igual: em casa a fazer a comida e sempre pronta a agradar-me.
  • Dois filhozinhos comuns: na escola ninguém os atura, em casa a playstation salva a situação.
  • Um pensamentozinho estereotipado: "que dia cansativo. vamos ver TV".
  • Umas feriazinhas frequentes: a ver o mar enrolar na areia durante todo o Agosto.
Mas, vidinha esta que não és a minha, mantém-te longe! Serei bem mais, se não para os demais, para mim, o eu+.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

in knowledge we trust

"The possession of knowledge does not kill the sense of wonder and mystery."
Anais Nin

sábado, 21 de fevereiro de 2009

hoje mora cá uma reminiscência

Caçava por entre as ramagens rasteiras. Procurava a presa que satisfizesse a fome dos meus. O conceito era simples: descobrir, a ontar, atirar. Se a lança se pe dia no caminh  e o animal fugia ileso não me pesaria mais o sono por isso. Procuraria outro! No grupo de caçadores não havia líder. Mais tarde viriam a comparar o nosso comportamento ao de um bando de aves, que não tendo um pássaro-rei rodopia em a robacias síncronas por esse azul p ro.
E quando a noite chegava acendiam-se as fogueiras (nossas únicas candeias) e em jeito de carinho passavam-se de pais pa a filhos piolhos e mitos. A jovem da aldeia a quem prometi meu s ngue para sua linhagem espera, se ena, que a aspereza de meus corpo e alma encontrem o que de mais delicado ela tem. Quando chego não encon ro o olhar submisso que me tornaria pr scindível. Encontro-lhe no negro da íris um desafio, como uma montanha que p de sempre que lhe cheguemos ao cume mas se mostra assaz per gosa. Mas quando o silêncio caía e ju tos fechávamos os olhos, de mãos d das, num ronronar le to el giava-me as caçadas e sussurava "dorme em paz leão porque essa savana é che a de iguarias e nada terás de temer do dia depois de hoje" desde que a lança se man enha afiada e conhec dora do caminho.

Corriam assim os dias felizes da minha vida quando um pequeno bastardo da aldeia reclamou para si a resposta para a sua dúvida: porque se ergue todos os dias o astro-rei? Desdenhoso das tradições não se contentou com a confiança eterna que a nossa aldeia depositava no Sol. Sempre se havia apagado, mas todas as vezes voltara. E isso era suficiente. Mas não para o menino de coração pequeno. E depois dessa, vieram todas as outras dúvidas físicas e existenciais que conheço hoje e me atormentam à noite, quando me deito, sozinho, sem alento para subir a cumes e por isso ser vivente desta solidão.

simple plan - perfect

Hey dad look at me
Think back and talk to me
Did I grow up according to plan?
And do you think I'm wasting my time doing things I wanna do?
But it hurts when you disapprove all along
And now I try hard to make it
I just want to make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't pretend that
I'm alright
And you can't change me
'Cuz we lost it all 
Nothing lasts forever
I'm sorry 
I can't be perfect
Now it's just too late and 
We can't go back
I'm sorry 
I can't be perfect

I try not to think

Did you know you used to be my hero?
All the days you spent with me
Now seem so far away
And it feels like
you don't care anymore
And now I try hard to make it 
I just want to make you proud 
I'm never gonna be good enough for you
I can't stand another fight
And nothing's alright
'Cuz we lost it all 
Nothing lasts forever
I'm sorry 
I can't be perfect
Now it's just too late and 
We can't go back
I'm sorry 
I can't be perfect
Nothing's gonna change the things that you said
Nothing's gonna
make this right again
Please don't turn your back
I can't believe it's hard
Just to talk to you
But you don't understand
'Cuz we lost it all 
Nothing lasts forever
I'm sorry 
I can't be perfect
Now it's just too late and 
We can't go back
I'm sorry 
I can't be perfect
'Cuz we lost it all 
Nothing lasts forever
I'm sorry 
I can't be perfect
Now it's just too late and 
We can't go back
I'm sorry 
I can't be perfect

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

grunhês

Eram dois. O primeiro foi tirado do cubículo e à força de dez homens colocado em cima do estrado. Amarrado por cordas e mal podendo respirar sentiu que o que quer que se fosse passar ali, depois disso, a sua vida jamais seria o que era e haveria de ser diferente. Uma pontada na garganta fê-lo gemer. O frio da lâmina e o quente do seu sangue criaram uma mistela morna, como que um derramamento de alma. Sufocou o grito seguinte, não o fossem tomar por cobarde. Mas o fio cortante continuou o seu caminho numa jornada que, lhe pareceu, durou anos. As pessoas em seu redor não se limitaram a tirar-lhe a vida. Exigiram-lhe que sangrasse toda a sua força em gritos lancinantes e riram-se por ter defecado de dor.

O outro, até agora não mencionado, estava congelado dentro das suas quatro paredes. Qual a fonte de todo aquele lamento intempestivo? Deu com a testa na porta. Deu com as pernas. Tentou a moda do cavalo. Mas nada, aquela porta comportava-se como se lhe tivessem dado a profissão de pedra tumular. Os gritos tornavam-se mais ténues a cada avanço. Finalmente, nada mais se ouviu. E agora ele voltará, suspirou aliviado. Esperou, desesperou... Inútil. Jamais regressaria aquele a quem calou as palavras de ontem por não querer ouvir mais mentiras. Para todo o sempre e um dia ficaria com a imensa necessidade de exprimir os sentimentos que guardara para si na noite anterior. Porque eram para ele. E talvez lhe fossem tão úteis como um farnel para a viagem. 
Mas porque foi ele chorar para os campos e a que conclusão chegou para não mais ter voltado? A culpa é minha, a culpa é dele, da circunstância que nos rodeia que não nos foi favorável e violentou-nos como os ventos do Norte?

Já o primeiro, a esta hora rodeado de quarenta virgens, engolia borboletas para que lhe fizessem prurido no estômago. Infligia-se a si próprio uma mágoa colossal por ter partido sem avisar, mesmo sabendo que não houve oportunidade. Porque não tivera ontem a força que lhe sobeja hoje para acarinhar todos os lamentos do outro? Porque se rendera ao cansaço e deixara cair no campo de batalha o estandarte que, de há muito, era orgulhoso e guloso portador?

Em uníssono mas sem saberem que o faziam grunhiram: o que calar hoje, calarei para sempre! Não mais será o dia e o que quereria exprimir será corrompido pelo tempo, pelas gentes, e pelas paisagens. E se hoje calo o que teria para te dizer é porque hoje não estás no teu lugar. Não porque não tenha nada para te dizer.

O que me quebra a cabeça é que não sei qual dos porcos sou: se o que foi, se o que ficou.

Mas que tal dúvida não me fique. Já se ouvem as botas bater o chão em ritual, as varas estão no ar e os nós apertam-se. É a vez de o outro, o que ficou, espernear-se e quem sabe, percorrendo a escada que sobe ou a que desce conhecer o verde dos longos trilhos do paraíso (cuja entrada, um dia a descrevemos, era uma praia deserta com uma torre de vigia em madeira encimada pelo sol de inverno, aquele que nos tira da depressão) ou o quente e cinza do ardido.

Hoje exceder-me-ei nos vícios. Farei por merecer os fardos que transporto. Quando a luz do novo dia chegar tudo se manterá como num pesadelo que não passa ao acordar. Mas que interessa tudo isto se feridas não se curam sem ardor?

Se imaginar as entranhas do meu cérebro como uma casa, sou capaz de o descrever melhor. A sala de estar poeirenta e sem vida. A casa de banho com a sanita entupida. O quarto com o meu corpo pesado. E o sotão, para onde atiro tudo sem me atrever a lá entrar. Quando a estreita entrada se enche com uma vara empurro o que está lá dentro. Tudo bem amassado. Sem ordem alfabética ou ordinal, uma torre do tombo depois do tombo e não antes, quando ainda era um arquivo nacional.

Mas sei que falo grunhês e o que para mim é um triatlo pelo meu pensamento, aos de fora será um belo conto, parábola talvez. Sua moral a ninguém arde e rapidamente se esquece. Porque textos, qualquer Pessoa os faz (nem que para isso fume o seu baseado).

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

ignorância é força

(uma vez começado é feio parar sem atingir o clímax, literário)

"Guerra é paz
Liberdade é escravidão
Ignorância é força"

George Orwell

E quem sonha são os tolos que acreditam ser possível da terra fazer ouro. Filhos de mentes desafogadas de questões fundamentais essas lebras fugazes não se prestam ao seu criador e em menos de nada ganham vida própria. Damos-lhe a liberdade e em troca somos por eles acorrentados. Não os ignoramos e saímos para a cova depois de enfrentar esta paz bélica.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

guns n' roses - sweet child o'mine

She's got a smile that it seems to me
Reminds me of childhood memories 
Where everything 
Was as fresh as the bright blue sky 
Now and then when I see her face 
She takes me away to that special place
And if I'd stare too long 
I'd probably break down and cry 
Sweet child o' mine 
Sweet love of mine 
She's got eyes of the bluest skies 
As if they thought of rain 
I hate to look into those eyes 
And see an ounce of pain 
Her hair reminds me of a warm safe place 
Where as a child I'd hide 
And pray for the thunder 
And the rain 
To quietly pass me by
Sweet child o' mine 
Sweet love of mine 
Where do we go 
Where do we go now 
Where do we go 
Sweet child o' mine

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

proud

- Relax man. You don't have nothing to kill or die for!
- You know, that's exactly my problem.
- Of course I know. That's mine too!!

Still searching for something to be proud of.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ad perpetuam memoriam

Não guardo Rancor. Antipatia. Ciúme. Ou qualquer outro sentimento soletrável pelo abecedário do mal. Apenas quero a paz em mim para que meu peito em chamas tenha como rescaldo a solidão que me mostrará o recto caminho do bem. Resignarei a títulos e revogarei cláusulas. Subirei ao pico mais alto para sentir o frio da ausência de sentimentos. Aí será obrigatório o amor por mim próprio, para que me agarre à vida e não me lance do abismo na esperança fatalista (logo desde o primeiro momento) de vir a ganhar asas de águia real.

Será Baltazar, o mesmo que em tempos serviu o fiel Romeu, quem irá lá ter com as novas de que um estranho ser molha seu leito de cristais sódicos, todas as noites. E de dia, noite cria em seu recanto para que o Sol não se atreva a desviá-lo da sua tristeza. Nem à alameda dos sickamours empresta já seus passos tentando, em grande ou pequeno pranto, reviver memórias que um dia foram sonhos de um futuro que haveria de ser diferente.

Mas mãe Terra nos acudirá. Ternos amantes, pensais que não fui já espectadora de tantos dramas passionais como este? Pensáveis ser diferentes (como todos). Pensáveis estar mais lá em cima (como todos). Sonháveis um futuro sem igual em que vossa história largos anos após a vossa morte fosse ainda digna de lágrimas teatrais (como todos).

Meu sofrimento (se o é realmente) encontra o seu reflexo em cada ser desta humanidade igual a si própria. O único senão é que este dói cá dentro sem passar por labirintos neuróticos que o suavizem.

Agora, como antes e sempre, ad perpetuam memoriam.

rolling stones - angie

Angie, angie, when will those clouds all disappear? 
Angie, angie, where will it lead us from here? 
With no loving in our souls and no money in our coats
You cant say were satisfied
But angie, angie, you cant say we never tried
Angie, youre beautiful, but aint it time we said good-bye? 
Angie, I still love you, remember all those nights we cried? 
All the dreams we held so close seemed to all go up in smoke
Let me whisper in your ear:
Angie, angie, where will it lead us from here? 
Oh, angie, dont you weep, all your kisses still taste sweet
I hate that sadness in your eyes
But angie, angie, aint it time we said good-bye? 
With no loving in our souls and no money in our coats
You cant say were satisfied
But angie, I still love you, baby
Evrywhere I look I see your eyes
There aint a woman that comes close to you
Come on baby, dry your eyes
But angie, angie, aint it good to be alive? 
Angie, angie, they cant say we never tried


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

john lennon - imagine

arquivaDor

Se tudo se resumisse a usar o furaDor, abrir cuidadosamente o arquivaDor e colocar lá dentro as páginas sangrentas da nossa existência certamente se pouparia uma quantidade incalculável de sal e a necessidade de com o agrafaDor coser as peças de um cristal partido. Cristal não pela sua beleza como facilmente se imagina, mas pela sua tão amarga fragilidade (ups, não é o cristal o padrão científico de dureza e por isso uma analogia mal empregue?). 
É que se as entranhas não se revolvessem e as sinapses não nos levassem por contos de príncipes e princesas de que nem os trovadores nos seus melhores credos se lembrariam... bem... a vida seria uma rosa sem espinhos.
E de que viveríamos nós sem esta morte lenta que nos faz ver a vida correr inutilmente sem que isso nos preocupe minimamente?
Deixa andar, jerbásio, que se o curaDor for decente em menos de uma semana te veremos saltitão e sorridente, qual Dom Juan, procurando outra razão, para, em menos de uma penada, voltar aos prantos que afinal são o pão nosso de cada dia (e assim nos dai hoje, amanhã e depois!).

sud-expresso

Dia 1. 18:30. A bordo. O dia tinha começado com um sonho (embora ele já viesse sendo encubado e tornado necessário há umas semanas. E que semanas, as mais terríveis de que tenho notícia por sinal). Tecnicamente não fugi. Saí pela porta da frente com a cabeça levantada (não pela janela com o rabinho entre as pernas). O que foi preciso? Não pensar muito no que poderia correr mal. O que penso dos que ficaram? Bem, porque não me ligam eles? Sim, não lhes deixei solução (sim, fazia parte do plano). Onde encontrei o desfarce para todo este teatro e quem me deu este papel? Suponho que a necessidade aguça o engenho, ou algo do género.

"Atenção senhores passageiros vai dar entrada na linha 1 Norte o comboio sud-expresso com destino a Hendaye e ligação a Paris." Esta é a lenda de como facilmente me apaixonei por uma cabine quente de um comboio internacional num dia nada brilhante e com as roupas coladas ao corpo de suor e de chuva. Não se trata de um qualquer urbano com cheiro a quotidiano. É sim, literalmente, um modo de vida.

O mais intenso de tudo isto é a óbvia constatação de quão largo é o espectro de vontades humanas. Vejamos. A rapariga de Madrid (mas que já viveu em tantos outros sítios que não tenho a certeza que ainda saiba onde é o seu lugar) que faz o seu doutoramento em Coimbra sobre um qualquer tema relacionado com África estranha as expressões "praí" e "oh pá" com tanta usança no nosso Portugal e fica indignada por tudo ser simplesmente fixe e que nada mereça por parte do lusitano coisas mais requintadas como bonito, maravilhoso,... O brasileiro, que não se cansa de dizer que são os playboys que mantêm o negócio de coca nas favelas, sonha em voltar ao seu bem amado sertão salino para curtir as poupanças de uma vida enquanto se delicia com sexo a tempo inteiro e faz questão de assinalar "não fumo, não bebo e não uso drogas". O desgraçado de Paços de Ferreira trabalha em França e pouco ou nada tem para dar a esta prosa. O tipo de Boston (Charlie, acho) já fez os EUA from coast to coast driving on his own e agora ensina (ou tenta, não estou certo de que seja possível!) inglês a crianças da capital espanhola e termina dizendo "unless i find a pretty spanish woman i can't live without i'll go back to my country". O belga está de passagem e segue para Portugal estando eu certo que o assustei quando tomando-o por castelhano lhe falei o meu bom português! Esta é a diversidade do mundo, e, ipsis verbis, a única das suas qualidades que até ao dia de hoje apreciei.

Em Vilar Formoso ainda se trocam locomotivas (fez-me lembrar uma estação de posta vinda do tempo dos meus antepassados). Mas finalmente, sou lá, na terra perdida. Solto na noite e com o mapa do tesouro na mão lanço-me na procura da estalagem onde finos lençois me esperavam. Tudo correu bem.

Dia 2. Salamanca. Minha pobre alma surge inundada, e por pouco minhas lágrimas não fizeram o Tormes corar de vergonha, por um questão trivial. Encontrarei, quando voltar, a fechadura da porta mudada, ou a estação da minha terra eclipsada ou, resumidamente, o meu antigo mundo esfumado? Que importa isso?

Nada mais exótico do que ouvir falar a língua de Shakespeare em terras de Cervantes (ainda que a despedida de duas conhecidas se faça com o sempre sensual "hasta luego"). Mas, fora divagações vos digo, esta princesa só dorme entre a primeira e a quinta hora da tarde. Tudo fervilha freneticamente numa cidade em que a universidade, a cultura, o património e as gentes parecem andar de mãos dadas e falar todas ao mesmo tempo (cada uma mais alto que a outra, para que se faça ouvir!).

Dia 3. Plaza Mayor. Olho à volta. Os sinos tocam uma qualquer hora fazendo uma banda sonora terrivelmente comovente e que me faz encher o peito de orgulho. Que me faz respirar fundo e olhar o céu sem temer. Conselho incipiente: viajar não é correr para a entrada de museus e catedrais, absorver a história e não ligar a nada mais, é sim tomar-lhes a pulsação à terra e às gentes e deixarmo-nos neste grandioso contemplar ao qual a única coisa que vem pesar é minha solidão ardente. Não ardente como uma fogueira, mas como uma vela, que a pouco e pouco mas assiduamente vai lambendo o pavio e chorando sua cera.

Dia último. 01:00. Estação. Bem, penso que a viagem não acaba aqui. Verdade? Quando não há um lugar a que voltar nada acaba. Continuarei a percorrer meus caminhos interiores a cada dia da minha vida como se fosse a primeira vez que o fizesse. A cada momento que dobro esta esquina reparo em mais algum pormenor. Diferente, irreverente...

É inegável. Todos nós teremos um dia de nos perder nas ruas da cidade e amá-la sem medo do frio das pedras da calçada. Poderia aqui repetir a história de que até o mais duro, ao fim de um dia absolutamente normal precisa de uma nesga de carinho e atenção. Mas não me vou dar a sentimentalismos (deixemos isso para outro dia) e direi que se fosse cavalo, era um puro sangue a trotar por esse mundo fora.

Tomei-lhe o pulso. Este será o prólogo de um "viver para contá-la".

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

sucção

Mergulho e rapidamente sou sugado. Nem foram precisas as técnicas que me tentavam ensinar na piscina há uns anos! Ai Passado, Passado. Porque te vejo quando olho para o lugar do passageiro e tu não estás? Porque te chamo nas ruas que gastámos com os nossos passos e tu não apareces? Porque foste embora, Passado?

Viver não é mais o nome da minha existência. Chama-se morte lenta a isto que constitui, partícula a partícula, o meu ser. Passado, porque não te limitaste a passar simplesmente? Tinhas também de me levar o sorriso e a vontade de reinar o meu mundo?

Como um sistema isolado e não divergente rompi com tudo (afinal não era preciso romper com muito!). Para a frente o abismo, para trás o rio de correntes fortes que não ouso voltar a enfrentar.

Mas não, não é o fim. "Sou como as árvores e morro de pé!" Chegou a hora,...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

expectativas

"Aperfeiçoas de tal modo as tuas expectativas que quando chegas a velho já nada esperas do mundo, do homem ou dos animais"

Gonçalo M. Tavares

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"e quando...

as trevas se abrirem,
vais ver o sol brilhará,
vais ver o sol brilhará!"

sábado, 17 de janeiro de 2009

los hermanos - anna julia



a liberdade emocional é mais fácil e menos penosa quando se tem por certa a existência de um lar a que podemos sempre voltar...

cachorreo

Não quero o poder para mim. Não quero reinar sentimentos, euforias ou povos.

Apenas anseio o poder da mente. Desejo ardentemente encontrar aquele portal que me fará ir para além das questões cósmico-tecnológicas. O mundo precisa de uma revolução estrutural, gramaticalmente profunda. Não basta mais inventar novos gadgets ou ciências revolucionárias: é fundamental ir mais longe do que o percepcionável num confronto racional sem limites.

Com tamanha tarefa a via mais fácil de a concretizar seria o suicídio. Mas isso seria renunciar a uma guerra de que eu não me quero demitir. Sou guerreiro do meu mundo interior, e por nada baixaria as armas e as bandeiras. Poderá tudo reduzir-se no final ao fracasso mas terá sido a minha pequena contribuição para que gerações futuras encontrem aquilo cujo esboço não vos posso fazer, mas cuja necessidade de o conseguir faz com que me continue a alimentar e a satisfazer as necessidades mínimas.

Chamei-lhe o cachorreo da minha vida. Como numa mina, sou mineiro que trabalho o mês inteiro não por um salário mas por um simples turno de trabalho próprio. Se nessas escassas seis horas acontecer que encontre algumas gramas de ouro serei rico e não mais precisarei de descer ao sub-solo. As probabilidades são baixas, eu sei. Mas a simples sensação de que é possível alivia-me a dor e os tormentos. Apenas uma questão mais se coloca neste ponto: não sei de que cor é nem a que cheira o meu metal precioso.

Assim eu procuro a equação que transformará tudo. Eu e tu deixaremos de ser dois, passaremos a ser fantasmas de um castelo sem chão nem tecto, nem muralhas nem amuradas. Aí trataremos por tu e pelo nome todas e cada uma das estrelas e o conhecimento aparecerá vestido de novo e imprecedivelmente distinto do que é como o conhecemos hoje.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

pink floyd - wish you were here

WHY HUMAN NATURE WILL REBEL

NICHOLAS HUMPHREY
Psychologist, London School of Economics; Author, Seeing Red

We're easily seduced by the idea that, once the Big One comes, nothing will ever be the same again. But I guess what will surprise—and no doubt frustrate—those who dream of a scientifically-driven new order is how unchangeable, and unmanageable by technology, human lives are.

Imagine if this Edge question had been posed to the citizens of Rome two thousand years ago. Would they have been able to predict the coming of the internet, DNA finger-printing, mind-control, space travel? Of course not. Would that mean they would have failed to spot the technological developments that were destined to change everything? I don't think so. For the fact is nothing has changed everything.

Those Romans, despite their technological privations, led lives remarkably like ours. Bring them into the 21st century and they would of course be amazed by what science has achieved. Yet they would soon discover that beneath the modern wrapping it is business as usual. Politics, crime, love, religion, heroism.. The stuff of human biography. The more it changes, the more it's the same thing.

The one development that really could change everything would be a radical, genetically programmed, alteration of human nature. It hasn't happened in historical times, and I'd bet it won't be happening in the near future either. Cultural and technical innovations can certainly alter the trajectory of individual human lives. But, while human beings continue to reproduce by having sex and each new generation goes back to square one, then every baby begins life with a set of inherited dispositions and instincts that evolved in the technological dark ages.

The Latin poet Horace wrote: "You can drive out nature with a pitchfork, but she will always return". Let's dream, if we like, of revolution. But be prepared for more of the same.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

1001ª tentativa de explicitação

Quero chamar o comboio. Quero pedir-lhe que pare neste apeadeiro porque todas as almas penadas me enviaram missivas dizendo que "partiram no primeiro comboio sem bagagem ou sequer destino". Agora é a minha vez.

É estranho o significado semântico-literário dado mas sempre que uma personagem parte na primeira locomotiva sem saber onde dela vai descer é certo que procura algo maior e que sente que os céus deste ar que a rodeiam estão a desabar. Mas tudo isto não é preciso dizê-lo. Todo o zé-ninguém sabe, por experiência desafortunadamente própria ou porque já viu muitos sucumbirem à sua volta e espera pacientemente irritado a sua vez. Paciente porque é o destino. Irritado porque não o pode mudar.

Apenas um desejo de moribundo: no sistema bomba-rastilho em que eu sou a bomba e a linha da minha vida o rastilho peço que ninguém se intrometa. Deixa queimar, deixa ver chegar ao meu horizonte o fumozino branco da glória, deixa sentir o cheiro a fogo de artifício, deixa absorver a cor dessa chama libertadora. Talvez percebendo o fim próximo possa entrar em apoteose ainda em vida e chegar mais dentro, mais fundo do ser das coisas e do sabor dos sentimentos. Se nem esse propósito servir tenho outro desejo ainda: acende o rastilho mais próximo, quero sentir esse calor perto!

Porquê essa angústia de me ver entre a espada e a parede? Caminho no fio de uma navalha com a ponta de um sabre a picar-me as costas e dois canos cerrados encostados ao meu "peito em chamas". A massa encefálica pesa-me. O olhos semi-cerram-se. O sobrancelha franze-se e a atenção prende-se ás pedras da calçada. Rostos que não quero ver, corpos que não quero cheirar. Ninguém tem nada para partilhar. Não conheço os vizinhos e sei que me amaldiçoam por entre os dentes se tento ser simpático e cordial. Fazes-me falta ò liberdade espiritual.

De manhã fui ver o mar, à tarde fui ver o mar, à noite fui ver o mar. Ele partilha-se. Mostra a sua fúria e a sua calma e com alguma sorte até nos sopra algum do seu humor. Só tem um defeito: não se interessa pelo que tenho para lhe dizer e mostra-se impassivo ás minhas conclusões triunfais ou ás minhas dúvidas mortais.

Afinal, apenas mais uma tentativa frustrada de ligar logicamente frases e parágrafos. Essa maturidade, como outras, há-de um dia chegar...(até para ser rei é preciso nascer, crescer e reinar!)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

the pretenders - i'll stand by you

segredo

Branco. Onde vês o branco? 123fkg69s06f3ehjs, consegues encontrar o padrão? Consegues decifrar a mensagem? Just a quick note: mathematics is everything, mathematics is everywhere. Mesmo que a tua mente não seja suficiente, mesmo que não consigas perceber a lógica ela está subjacente: à espera que tu a encontres, segue-a!
Apenas dentro de ti encontrarás a definição de branco. Nunca ninguém te pode ter apontado uma coisa e dito: esta é a brancura com que deves comparar todas as semi-brancuras do mundo. Esta é a que está acima de todas as brancuras. Quando vires um branco diz, este é um quase-branco comparado com aquele que um dia me mostraram!

Achas isto plausível? Se sim, desiste e morre. Não valerá a pena o esforço de mais um suspiro. Não queimes mais oxigénio se és um daqueles que insiste em encontrar a verdade fora dele.

O branco está em ti, em ti, em ti... Não será o nosso branco mas será o teu branco, aquele com que comparas o leite e a toalha da mesa, a porta do frigorífico e o fundo do bloco de notas.

Subindo um pequeno degrau na escada da perfeição, quem te ensinou o que era lógico? Como separas o lógico do ilógico? Não venhas com essa de que um dia te ensinaram que x + 2 = 4 <=> x = 2 era a lógica feita filha do homem! Tudo é números, tudo são padrões: dentro de ti, just inside.

Mas não te faças inside out para mostrares aos outros qual é o teu branco e a tua lógica. Limita-te a prosseguir a saga, se fores Homem capaz para isso. Procura nos silêncios a resposta: introspectiva-te, regenera-te, triunfa. Tu és o portador do segredo (não que a mim me interesse o teu pequeno dilema; do meu ponto de vista só existe um segredo: o meu próprio!) e não te podes demitir da competição. Tu tens de encontrar. A via existe, resta alcançar.

Olha à tua volta. Está? Outra e outra vez, por favor! Terás chegado à mesma conclusão que eu? Não falta qualquer coisa? Está incompleto, obscuro, atrozmente indefinido. Parece faltar uma estrela no céu esta noite, parece faltar um grão de areia nesta costa. Mas que dor, que zumbido causa esta falha! Está longe, para lá do espaço sideral ou de qualquer espaço. Mas falha. Não permite a perfeição. Engulo a bafurada tentando voar e tocar mais alto o céu... Onde raio pára o ponto final desta composição infantil que escrevo a cada dia da minha vida?

Advinha: é o segredo que transportas dentro de ti que te suga toda a atenção para a imperfeição infinitesimal desta circunstância em redor. Introspectiva-te, regenera-te, triunfa!