sábado, 21 de fevereiro de 2009

hoje mora cá uma reminiscência

Caçava por entre as ramagens rasteiras. Procurava a presa que satisfizesse a fome dos meus. O conceito era simples: descobrir, a ontar, atirar. Se a lança se pe dia no caminh  e o animal fugia ileso não me pesaria mais o sono por isso. Procuraria outro! No grupo de caçadores não havia líder. Mais tarde viriam a comparar o nosso comportamento ao de um bando de aves, que não tendo um pássaro-rei rodopia em a robacias síncronas por esse azul p ro.
E quando a noite chegava acendiam-se as fogueiras (nossas únicas candeias) e em jeito de carinho passavam-se de pais pa a filhos piolhos e mitos. A jovem da aldeia a quem prometi meu s ngue para sua linhagem espera, se ena, que a aspereza de meus corpo e alma encontrem o que de mais delicado ela tem. Quando chego não encon ro o olhar submisso que me tornaria pr scindível. Encontro-lhe no negro da íris um desafio, como uma montanha que p de sempre que lhe cheguemos ao cume mas se mostra assaz per gosa. Mas quando o silêncio caía e ju tos fechávamos os olhos, de mãos d das, num ronronar le to el giava-me as caçadas e sussurava "dorme em paz leão porque essa savana é che a de iguarias e nada terás de temer do dia depois de hoje" desde que a lança se man enha afiada e conhec dora do caminho.

Corriam assim os dias felizes da minha vida quando um pequeno bastardo da aldeia reclamou para si a resposta para a sua dúvida: porque se ergue todos os dias o astro-rei? Desdenhoso das tradições não se contentou com a confiança eterna que a nossa aldeia depositava no Sol. Sempre se havia apagado, mas todas as vezes voltara. E isso era suficiente. Mas não para o menino de coração pequeno. E depois dessa, vieram todas as outras dúvidas físicas e existenciais que conheço hoje e me atormentam à noite, quando me deito, sozinho, sem alento para subir a cumes e por isso ser vivente desta solidão.

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