quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

sucção

Mergulho e rapidamente sou sugado. Nem foram precisas as técnicas que me tentavam ensinar na piscina há uns anos! Ai Passado, Passado. Porque te vejo quando olho para o lugar do passageiro e tu não estás? Porque te chamo nas ruas que gastámos com os nossos passos e tu não apareces? Porque foste embora, Passado?

Viver não é mais o nome da minha existência. Chama-se morte lenta a isto que constitui, partícula a partícula, o meu ser. Passado, porque não te limitaste a passar simplesmente? Tinhas também de me levar o sorriso e a vontade de reinar o meu mundo?

Como um sistema isolado e não divergente rompi com tudo (afinal não era preciso romper com muito!). Para a frente o abismo, para trás o rio de correntes fortes que não ouso voltar a enfrentar.

Mas não, não é o fim. "Sou como as árvores e morro de pé!" Chegou a hora,...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

expectativas

"Aperfeiçoas de tal modo as tuas expectativas que quando chegas a velho já nada esperas do mundo, do homem ou dos animais"

Gonçalo M. Tavares

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

"e quando...

as trevas se abrirem,
vais ver o sol brilhará,
vais ver o sol brilhará!"

sábado, 17 de janeiro de 2009

los hermanos - anna julia



a liberdade emocional é mais fácil e menos penosa quando se tem por certa a existência de um lar a que podemos sempre voltar...

cachorreo

Não quero o poder para mim. Não quero reinar sentimentos, euforias ou povos.

Apenas anseio o poder da mente. Desejo ardentemente encontrar aquele portal que me fará ir para além das questões cósmico-tecnológicas. O mundo precisa de uma revolução estrutural, gramaticalmente profunda. Não basta mais inventar novos gadgets ou ciências revolucionárias: é fundamental ir mais longe do que o percepcionável num confronto racional sem limites.

Com tamanha tarefa a via mais fácil de a concretizar seria o suicídio. Mas isso seria renunciar a uma guerra de que eu não me quero demitir. Sou guerreiro do meu mundo interior, e por nada baixaria as armas e as bandeiras. Poderá tudo reduzir-se no final ao fracasso mas terá sido a minha pequena contribuição para que gerações futuras encontrem aquilo cujo esboço não vos posso fazer, mas cuja necessidade de o conseguir faz com que me continue a alimentar e a satisfazer as necessidades mínimas.

Chamei-lhe o cachorreo da minha vida. Como numa mina, sou mineiro que trabalho o mês inteiro não por um salário mas por um simples turno de trabalho próprio. Se nessas escassas seis horas acontecer que encontre algumas gramas de ouro serei rico e não mais precisarei de descer ao sub-solo. As probabilidades são baixas, eu sei. Mas a simples sensação de que é possível alivia-me a dor e os tormentos. Apenas uma questão mais se coloca neste ponto: não sei de que cor é nem a que cheira o meu metal precioso.

Assim eu procuro a equação que transformará tudo. Eu e tu deixaremos de ser dois, passaremos a ser fantasmas de um castelo sem chão nem tecto, nem muralhas nem amuradas. Aí trataremos por tu e pelo nome todas e cada uma das estrelas e o conhecimento aparecerá vestido de novo e imprecedivelmente distinto do que é como o conhecemos hoje.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

pink floyd - wish you were here

WHY HUMAN NATURE WILL REBEL

NICHOLAS HUMPHREY
Psychologist, London School of Economics; Author, Seeing Red

We're easily seduced by the idea that, once the Big One comes, nothing will ever be the same again. But I guess what will surprise—and no doubt frustrate—those who dream of a scientifically-driven new order is how unchangeable, and unmanageable by technology, human lives are.

Imagine if this Edge question had been posed to the citizens of Rome two thousand years ago. Would they have been able to predict the coming of the internet, DNA finger-printing, mind-control, space travel? Of course not. Would that mean they would have failed to spot the technological developments that were destined to change everything? I don't think so. For the fact is nothing has changed everything.

Those Romans, despite their technological privations, led lives remarkably like ours. Bring them into the 21st century and they would of course be amazed by what science has achieved. Yet they would soon discover that beneath the modern wrapping it is business as usual. Politics, crime, love, religion, heroism.. The stuff of human biography. The more it changes, the more it's the same thing.

The one development that really could change everything would be a radical, genetically programmed, alteration of human nature. It hasn't happened in historical times, and I'd bet it won't be happening in the near future either. Cultural and technical innovations can certainly alter the trajectory of individual human lives. But, while human beings continue to reproduce by having sex and each new generation goes back to square one, then every baby begins life with a set of inherited dispositions and instincts that evolved in the technological dark ages.

The Latin poet Horace wrote: "You can drive out nature with a pitchfork, but she will always return". Let's dream, if we like, of revolution. But be prepared for more of the same.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

1001ª tentativa de explicitação

Quero chamar o comboio. Quero pedir-lhe que pare neste apeadeiro porque todas as almas penadas me enviaram missivas dizendo que "partiram no primeiro comboio sem bagagem ou sequer destino". Agora é a minha vez.

É estranho o significado semântico-literário dado mas sempre que uma personagem parte na primeira locomotiva sem saber onde dela vai descer é certo que procura algo maior e que sente que os céus deste ar que a rodeiam estão a desabar. Mas tudo isto não é preciso dizê-lo. Todo o zé-ninguém sabe, por experiência desafortunadamente própria ou porque já viu muitos sucumbirem à sua volta e espera pacientemente irritado a sua vez. Paciente porque é o destino. Irritado porque não o pode mudar.

Apenas um desejo de moribundo: no sistema bomba-rastilho em que eu sou a bomba e a linha da minha vida o rastilho peço que ninguém se intrometa. Deixa queimar, deixa ver chegar ao meu horizonte o fumozino branco da glória, deixa sentir o cheiro a fogo de artifício, deixa absorver a cor dessa chama libertadora. Talvez percebendo o fim próximo possa entrar em apoteose ainda em vida e chegar mais dentro, mais fundo do ser das coisas e do sabor dos sentimentos. Se nem esse propósito servir tenho outro desejo ainda: acende o rastilho mais próximo, quero sentir esse calor perto!

Porquê essa angústia de me ver entre a espada e a parede? Caminho no fio de uma navalha com a ponta de um sabre a picar-me as costas e dois canos cerrados encostados ao meu "peito em chamas". A massa encefálica pesa-me. O olhos semi-cerram-se. O sobrancelha franze-se e a atenção prende-se ás pedras da calçada. Rostos que não quero ver, corpos que não quero cheirar. Ninguém tem nada para partilhar. Não conheço os vizinhos e sei que me amaldiçoam por entre os dentes se tento ser simpático e cordial. Fazes-me falta ò liberdade espiritual.

De manhã fui ver o mar, à tarde fui ver o mar, à noite fui ver o mar. Ele partilha-se. Mostra a sua fúria e a sua calma e com alguma sorte até nos sopra algum do seu humor. Só tem um defeito: não se interessa pelo que tenho para lhe dizer e mostra-se impassivo ás minhas conclusões triunfais ou ás minhas dúvidas mortais.

Afinal, apenas mais uma tentativa frustrada de ligar logicamente frases e parágrafos. Essa maturidade, como outras, há-de um dia chegar...(até para ser rei é preciso nascer, crescer e reinar!)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

the pretenders - i'll stand by you

segredo

Branco. Onde vês o branco? 123fkg69s06f3ehjs, consegues encontrar o padrão? Consegues decifrar a mensagem? Just a quick note: mathematics is everything, mathematics is everywhere. Mesmo que a tua mente não seja suficiente, mesmo que não consigas perceber a lógica ela está subjacente: à espera que tu a encontres, segue-a!
Apenas dentro de ti encontrarás a definição de branco. Nunca ninguém te pode ter apontado uma coisa e dito: esta é a brancura com que deves comparar todas as semi-brancuras do mundo. Esta é a que está acima de todas as brancuras. Quando vires um branco diz, este é um quase-branco comparado com aquele que um dia me mostraram!

Achas isto plausível? Se sim, desiste e morre. Não valerá a pena o esforço de mais um suspiro. Não queimes mais oxigénio se és um daqueles que insiste em encontrar a verdade fora dele.

O branco está em ti, em ti, em ti... Não será o nosso branco mas será o teu branco, aquele com que comparas o leite e a toalha da mesa, a porta do frigorífico e o fundo do bloco de notas.

Subindo um pequeno degrau na escada da perfeição, quem te ensinou o que era lógico? Como separas o lógico do ilógico? Não venhas com essa de que um dia te ensinaram que x + 2 = 4 <=> x = 2 era a lógica feita filha do homem! Tudo é números, tudo são padrões: dentro de ti, just inside.

Mas não te faças inside out para mostrares aos outros qual é o teu branco e a tua lógica. Limita-te a prosseguir a saga, se fores Homem capaz para isso. Procura nos silêncios a resposta: introspectiva-te, regenera-te, triunfa. Tu és o portador do segredo (não que a mim me interesse o teu pequeno dilema; do meu ponto de vista só existe um segredo: o meu próprio!) e não te podes demitir da competição. Tu tens de encontrar. A via existe, resta alcançar.

Olha à tua volta. Está? Outra e outra vez, por favor! Terás chegado à mesma conclusão que eu? Não falta qualquer coisa? Está incompleto, obscuro, atrozmente indefinido. Parece faltar uma estrela no céu esta noite, parece faltar um grão de areia nesta costa. Mas que dor, que zumbido causa esta falha! Está longe, para lá do espaço sideral ou de qualquer espaço. Mas falha. Não permite a perfeição. Engulo a bafurada tentando voar e tocar mais alto o céu... Onde raio pára o ponto final desta composição infantil que escrevo a cada dia da minha vida?

Advinha: é o segredo que transportas dentro de ti que te suga toda a atenção para a imperfeição infinitesimal desta circunstância em redor. Introspectiva-te, regenera-te, triunfa!