sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

super-ser

Quero deixar aqui um acto de coragem. Quero revelar-me. Quero que saibam que não sou quem vêem, que não sou quem sou...

Sentir que o próprio chão já não nos suporta faz-nos bem, faz-nos voar! Haverá algum problema em a minha vida ser sonho sem tristeza nem mágoa que o acordar não apague? Doce sonho que vieste, recordarte-ei. Pesadelo intrometido, estás esquecido! A fórmula é simples. Ou pelo menos parece. Para quê exigir-me subir ao topo daquela alta montanha se lá posso chegar sem mesmo dar um passo? Que ganho em realmente tocar o pico mais alto? Se conseguir iludir os meus sentidos, se conseguir imaginar realidades com todos os pormenores viverei como e onde quiser sem me preocupar com o que os outros pensem. Rindo-me por dentro. Esboçando sorrisos que nunca ninguém será capaz de partilhar. Isto de sonhar desta maneira é uma arte só minha, só minha...

Não tens o direito de me acordar (arrancarias a alguém a felicidade?!). Tu que brincas assim desse jeito disconforme com os meus padrões. Tu que não me és nada. Tu que me deixas ligeiramente enjoado. A banda sonora das nossas vidas está desajustada aos sentimentos momentâneos. Nunca sentiste a necessidade de numa determinada cena da tua vida ouvir o sussurro de uma música como nos filmes? Concentra-te, e aí a terás. Será só tua, só tua...

E desta forma seremos só nós, só nós: os entes felizes de uma esfera achatada e sem rumo. Dás-me a mão, dou-te a mão. Dás-me um abraço, retribuo. Sussuras, sorrio. Armadilha, armadilha! Não vou, não quero fugir às minhas regras. As minhas normas eram iludir-me a cada sensação, gerir o sabor da minha vida. Não, não quero dar-te esse cargo. Não te vou deixar controlar a minha felicidade. Vai. Vai! Ninguém tem o direito de me tirar a felicidade! Não vou deixar que o meu EU se venda e fique à mercê. Ao sabor dos teus desejos. Começam a ser variáveis a mais na equação. Vamos deixar isto linear e compreensível. Não quero elevar a complexidade...

Serei coerente. Mas deixem-me contar-vos um segredo: não posso mais passar uma noite a solo, não posso mais suportar as estrelas aqui tão perto, o luar ali tão presente. Sonho a tua companhia! Sonho num rio que corre sem fim, direitinho ao centro da galáxia, onde o espectáculo será emocionante e onde poderei finalmente deixar esta condição humana para trás. Vem pesando. Vem-se arrastando o dilema de consciências que trago dentro de mim.

Confiei-vos a diário da "minha" paixão. Apenas porque não há rostos e parece-me falar para uma entidade maior, para um super-ser que há-de iluminar-me. Que me há-de guiar de constelação em constelação, de parábola em parábola. Até que eu encontre e mate a barata que me faz comichão à noite na cama.

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