Quando as trevas chegam sente-se. Sente-se a falta de alguém que preencha esta nesga dolorosa do nosso tempo. Por muito grandioso que seja o objectivo que perseguímos desde o primeiro piscar de olhos ao acordar ele parece vão e supérfulo se não temos quem nos responda a sentimentos gritantes de frustrações e alegrias palpitantes (podendo estar a mesa de jantar cheia de gente e a sala carregada de mentes sucumbidas à caixa negra).
Não tomem a narração como ode ao meu fado. Nem tão pouco como pedido de socorro deste eu desgraçado. São coisas pequenas e bizarras as dúvidas precoces que me abalam quando na rua tudo sossega e sob o manto escuro me escondo. Não são questões a levar em conta nem motivos de grande preocupação externa. Só a mim doem, só a mim fustigam...
Ao fim do dia perguntas-me, Que fizeste hoje?, Eu? Inventei a roda 15 vezes (e tentei escrever como Saramago uma única!). Nada de inovador saíu deste cérebro calejado (já que as mãos nunca viram o arado!) e apenas uma questão se formulou contra o pré-estabelecido: será este o caminho para um conhecimento profundo, enriquecido e capitalizadamente inovador (não ao capitalismo!) que um dia sonhei possuir como única maneira de conseguir olhar o Sol de frente e deixar as sombras platónicas a quem com elas se contente?
Mas, sem rodeios nem hesitações, grito: fazes-me falta oh lar doce quente! Que se dane a construção teória do sinal contínuo ou discreto ou a tentativa filosófica de gestão do meu pobre espírito cortando-lhe lenha para que um dia se queime. Se me calo perante o mundo é porque do mundo nada ouvi passível de um momento reflexivo curto ou longo e dopaminante (e eu aprendo com os erros dos outros!).
Resumidamente, e para terminar, depois do tu-cá-tu-lá diário com o Diabo é cortante não encontrar uma chávena fumegante de acolhimento servida à ceia. Acolhe o meu sentimento, não o meu eu que procura respostas numéricas em livros interessantes mas delapidados de vida...
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